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Comportamento das empresas na crise pode reforçar a perenidade dos negócios

Webinar aborda importância das relações éticas e positivas entre as organizações e a sociedade

Sob mediação de Sergio Mindlin, membro das Comissões de Sustentabilidade e de Ética na Governança do instituto, o IBGC Conecta de quinta-feira (18 de junho) discutiu os desdobramentos de questões éticas, de sustentabilidade e de governança corporativa após a pandemia da Covid-19. Participaram do webinar Cláudio Pinheiro Machado Filho, professor da Universidade de São Paulo (USP), Denise Hills, diretora global de Sustentabilidade da Natura, e Tatiana Regiani, presidente da Tregi Governança e Integridade, vice-coordenadora da Comissão de Ética na Governança e membro da Comissão de Sustentabilidade do IBGC. Mindlin sugeriu três perguntas centrais e interligadas para nortear o debate: qual a importância da ética e da sustentabilidade na governança em períodos de crise? No curto e médio prazo da pandemia, qual o papel das empresas na sociedade? E, as companhias que se comprometeram a não demitir, agiram eticamente? O que acontece com os demais steakholders?

Tatiana abordou a importância da ética nas tomadas de decisão em momentos de crise. “A ética tem saído da esfera teórica para a vida prática, para as decisões do dia a dia, e será um elemento direcionador para a perenidade ou não das companhias”, afirmou. Para a executiva da Tregi, em períodos críticos, ter ações compatíveis com valores e qualidades éticas se torna ainda mais desafiador. “As companhias que tiverem suas decisões alinhadas aos seus propósitos terão maior apoio de seus steakholders agora e no futuro”, completou.

Já na avaliação de Denise, o que a pandemia tem mostrado é o compromisso real das empresas na sociedade. “As companhias devem compreender que estão interconectadas em um ecossistema”, defendeu. Segundo a diretora da Natura, o cenário atual dá mais luz e reforça a tendência da economia do steakholder, apontando o impacto positivo do negócio não como uma opção, mas como um vetor de ética, propósito e liderança. “É necessário o entendimento de que uma empresa é uma licença social para operar, ela é parte da sociedade”, defendeu.

Denise apontou ainda uma recente mudança na compreensão do papel e da palavra liderança no ambiente corporativo e na sociedade brasileira. “Antes relacionada a hierarquia ou poder, agora vemos a liderança como a capacidade de manter valores, ser transparente e lidar com as pessoas de maneira positiva”, explicou. “A ideia do que é uma empresa e seu compromisso com a sociedade está sendo ressiginificada”, afirmou.

Em linha com Tatiana e Denise, Machado Filho falou também da atual mudança de perspectiva das organizações, agora com menos foco no curto prazo. “Há diversas formas de se enfrentar este momento. Quanto mais transparente e responsável a empresa for com sua rede, melhor”, disse. 

O professor falou também sobre o recente surto de filantropia empresarial em meio à pandemia no país. Para ele, trata-se de uma onda positiva de solidariedade liderada por empresas, de todos os tamanhos, que assumiram uma figura de voluntariado. No entanto, Machado Filho indicou que, em uma perspectiva histórica, a filantropia empresarial local ainda é muito tímida, quando olhada ante o Produto Interno Bruto (PIB) do país e quando comparada ao trabalho desenvolvido em outros países. “Seria interessante que esse movimento, que veio como algo pontual da crise, pudesse fazer parte do novo normal das organizações”, sugeriu.

Acompanhe aqui o webinar completo.

Fonte: IBGC, em 19.06.2020