Por Antonio Baptista Gonçalves e Priscila de Castro Busnello
De acordo com o índice de percepção da corrupção (IPC), publicado pela transparência internacional, em 2019 o Brasil alcançou seu patamar negativo histórico, com apenas 35 pontos (do total de 100 possíveis). Isso significa, segundo essa estatística, que o país é considerado mais corrupto do que em 2014, quando atingiu sua melhor performance, com 43 pontos. Um dos motivos da regressão pode ser explicado porque a bandeira do combate à corrupção tem sido arduamente defendida no campo da repressão, e ablegada a prevenção a um segundo plano.
Na repressão tivemos incontestáveis avanços. Foram centenas de investigações criminais de grande porte que, a exemplo da Operação Lava Jato, desvelaram esquemas de corrupção com envolvimento de políticos e, inclusive, com reflexos internacionais. Além disso, novas estruturas institucionais, com a atribuição de “anticorrupção”, foram criadas em órgãos públicos, o que fomentou o aumento do número de servidores especializados no assunto. As autoridades brasileiras têm trabalhado para responsabilizar, reprimir e recuperar ativos da corrupção. Se por um lado a repressão conta com um conjunto de mecanismos estruturados, por outro lado, a prevenção ainda é tratada com esquecimento.
Fonte: O Estado de S. Paulo, em 21.08.2020