Por Filipe Monteiro (*)
Se existia uma tendência de crescimento do uso da tecnologia em todos os segmentos por uma questão de diferenciação do serviço ou produto, após a pandemia da Covid-19 essa prática se transformou em uma obrigação.
A Transformação Digital ocorre em todos os segmentos e é certo que aqueles que já vinham se preparando ou se adaptaram mais rápido terão grande vantagem competitiva nesta nova realidade que nos deparamos.
Neste contexto, trazendo para a realidade da auditoria, duas mudanças significativas já haviam ocorrido frente à auditoria tradicional com foco em checklists e testes documentais para apontar os erros que ocorrem dentro dos processos em uma empresa.
A primeira grande mudança foi adotar a auditoria baseada em riscos e com viés mais consultivo, buscando agregar valor e auxiliar as organizações na melhoria de processos e gestão dos seus riscos para atingir objetivos estratégicos.
A segunda mudança significativa foi a inserção de ferramentas de análise de dados para que a avaliação da auditoria pudesse abranger uma maior quantidade de informações em seu universo amostral.
A atual onda de mudança na forma de executar a auditoria interna está na utilização de ferramentas de inovação como Machine Learning, RPA (Robotic Process Automation) e Process Mining, que potencializam a análise de dados em massa e permitem a execução de testes e avaliações de forma mais assertiva.
Consequentemente, é disponibilizada uma maior quantidade de tempo para análises qualitativas por parte dos auditores, que terão um papel cada vez mais estratégico nas organizações e uma atuação cirúrgica como entrega de valor para todos os stakeholders.
A utilização destas ferramentas de inovação permitirá ao auditor realizar a visita a campo de forma exploratória para se familiarizar com o processo auditado e entrar em contato com os funcionários que atuam no dia a dia da atividade auditada. Em contrapartida, toda a análise crítica sob os resultados disponibilizados pelas ferramentas de inovação pode ser realizada de forma remota sem prejuízo para os resultados.
Outro ganho esperado com a velocidade nas análises de diversos processos dentro da organização e com um universo amostral expandido é a implementação da auditoria contínua, gerando um enorme volume de análises sobre os principais processos de uma organização e fornecendo informação sobre a exposição a riscos para a tomada de ações e decisões por parte dos stakeholders de maneira preventiva e estratégica.
Desta forma, a função de auditoria interna deve harmonizar bons profissionais, metodologia adequada e tecnologia que permita a transformação com base em inovação. Esta mudança permitirá que a função da auditoria interna nas empresas seja resolver problemas ao invés de simplesmente identificar onde eles estão. Este é o futuro da auditoria, tornando-a mais eficiente, adaptável e voltada à entrega de valor para as companhias.
(*) Filipe Monteiro é gerente na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.