Por Monica Bressan (*)
O objetivo da gestão é maximizar os lucros. Essa frase é praticamente um mantra no mundo dos negócios, especialmente para a gestão financeira. A grande questão é como conseguir isso considerando todas as diferentes circunstâncias que permeiam a tomada de decisão no dia a dia das organizações, inclusive no que se refere à adoção de ações voltadas para o ESG (Enviromental, Social and Governance).
Diante do momento em que estamos passando, em um mundo repleto de incertezas, apesar da importância da pauta do ESG e da própria demanda da sociedade sobre o tema, muitos gestores estão deixando de priorizar questões associadas à responsabilidade socioambiental e governança corporativa. Sem falar, também, no ceticismo de muitos a respeito dos resultados positivos que o ESG pode trazer para os negócios, além do preconceito de muitos outros sobre esse tema.
Pesquisa da “KPMG 2022 CEO Outlook” indica que apesar dos gestores entenderem a importância das iniciativas ambientais, sociais e de governança em seus negócios, inclusive em relação ao seu desempenho financeiro, 50% estão pausando ou reconsiderando seus esforços ESG existentes ou planejados nos próximos 6 meses, e 34% já o fizeram tendo em vista a recessão mundial que se avizinha.
Fato é que a implementação de ações voltadas para o ESG tem foco no resultado de médio e longo prazo, e os gestores, muitas vezes lidam com métricas e cobranças de curto prazo, levando-os a deixar para o futuro medidas que podem garantir a sustentabilidade e perenidade da própria empresa.
É o mesmo dilema que enfrentamos quando falamos da gestão de tempo: fazer o que é urgente ou o que é importante? Como estabelecer prioridades em relação às ações estratégicas que devem ser adotadas pelas organizações?
Claro que as empresas devem adotar medidas para lidar com crises que se avizinham, mas adiar ou fechar os olhos para os impactos que a não adoção de ações ESG hoje pode causar no futuro é uma irresponsabilidade.
O ESG trata sobre a gestão de riscos socioambientais e de governança corporativa, riscos esses que podem simplesmente inviabilizar um negócio, ou seja, contraria diretamente o mantra acerca da maximização dos resultados. E, se pensarmos em termos globais, pode impactar também o próprio desenvolvimento sustentável mundial.
Vale lembrar, inclusive, que de acordo com o “Global Risks Report 2022”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, enquanto os principais riscos de longo prazo se relacionam ao clima, as principais preocupações globais de curto prazo se referem às divisões sociais, crises de subsistência e deterioração da saúde mental. Por esse motivo, inclusive, nesse relatório se encoraja os gestores para se voltarem para além do ciclo de relatórios trimestrais e a criar políticas voltadas para tratar esses riscos.
Então, qual deve ser a prioridade? A resposta é mais simples do que parece: buscar o equilíbrio, atender as demandas de curto prazo, mas com foco no longo prazo. A implementação dessa solução não é fácil, porém não se pode perder de vista o impacto negativo que a não adoção de ações do ESG hoje pode causar no futuro da organização.
(*) Monica Bressan é especialista em governança corporativa, compliance, ISO 37001, ISO 31000, contratos e finanças.
Consultora, palestrante e professora. Formada em Direito e em Administração de Empresas, com especialização em Direito Tributário e Mestre em Finanças Corporativas. Com certificação ISO 31000 Lead Risk Manager (Gestão de Riscos) e ISO 37001 Provisional Auditor (Antissuborno). Membro da Comissão de Compliance da OAB/SP. Com mais de 20 anos de experiência organizacional e jurídica.
Ótima experiência com: mapeamento, implantação e acompanhamento de controles internos para todas as áreas da empresa; apoio jurídico-legal para a tomada de decisões; gerenciamento de projetos, com capacidade de atuar em equipe de forma colaborativa; realização de treinamentos focados nas necessidades da organização e disseminação de cultura de melhores práticas.
Fonte: Case, em 25.10.2022