Aquele que apontava o dedo a todos os processos errados dentro da companhia, sempre dizia não aos novos negócios com potencial, mesmo remoto, e era conhecido por trazer dor de cabeça ao jurídico das empresas. Eram as reclamações e preconceitos que os líderes de compliance costumavam ouvir. E isso está mudando.
Chamado de Chief Legal Officer, o CLO agora é visto como um ativo estratégico, diferencial e até competitivo da companhia, especialmente no longo prazo. Isso acontece porque, segundo especialistas do mercado, esse líder comanda um time responsável, primeiramente, pelo cumprimento de obrigações legais, fiscais e tributárias, que é o arroz-com-feijão imposto pela função.
A nova visão do trabalho de compliance também é vista como um esforço coletivo para a adoção de melhores práticas, certificados e qualquer processo ou metodologia que coloque a empresa e suas ofertas em posição de destaque. “O CLO conquistou um lugar à mesa, porque no longo prazo ele representa maior ganho de produtividade, queda de entraves legais e também avaliza [e monitora] o cumprimento de regras e a obtenção de certificados que diferenciam os serviços, frente à concorrência”, conta Vanessa Mello, diretora de Client Legal Compliance Operations (CLCO) da TMF Brasil.
Para ela as grandes empresas já contavam com a presença desse tipo de profissional, mas agora eles passam a ser bem quistos e a fazer parte da cultura corporativa, trazendo benefícios percebidos e observados com curiosidade por players pequenos e médios.
“Grandes empresas podem arcar com a presença e o currículo que um CLO tem, porque além de serem profissionais caros, graças a seus conhecimentos acadêmicos e carreira no mercado de compliance, eles não dão resultado assim que embarcam na organização. Seu resultado, ao contrário, tem maior impacto com o passar do tempo, conforme eles assimilam a cultura da companhia e entendem em quais departamentos melhorias podem ser implementadas, para aumentar a competitividade de toda a organização, um investimento que nem sempre pode ser bancado por empresas de porte menor”, conta Vanessa.
No caso das pequenas e médias mencionadas pela executiva, a saída pode ser a contratação de serviços especializados, capazes de oferecer o know-how de especialistas que levem os mesmos benefícios para dentro dessas empresas. “Como o profissional especialista em conformidades legais, além de tudo, precisa ter um conjunto de habilidades multidisciplinar, eles são rarefeitos no mercado. A consultoria, nesse caso, é a melhor solução até para gigantes que desejam resultados positivos para o negócio”, complementa Vanessa Mello.
Nunca diga não
Acostumados a enfrentar a presença do compliance com desconfiança e ceticismo, a equipe de vendas vai começar a perceber a mudança no papel desses profissionais, especialmente na realização de novas vendas. Casos como as recentes legislações da GDPR na Europa, e da Lei Geral de Dados do Brasil, são alguns exemplos listados pela diretora da TMF Brasil, como novidades que não impactarão um time prevenido, com profissionais antenados.
“Quando um executivo de compliance chegava para participar do fechamento de um contrato, as equipes comerciais entendiam que seu papel era dizer ‘não’ para tudo. Agora, com uma postura proativa e conciliatória, não é mais assim. O representante do compliance está lá para checar as conformidades do negócio e também para ressaltar as capacidades, certificados e os atributos competitivos conquistados pela empresa que deseja converter a venda”, conclui Vanessa Mello, diretora de Client Legal Compliance Operations (CLCO) da TMF Brasil.
Fonte: EXAME, em 05.11.2018.