Por Sílvio Zákhia, Mestre em Administração Pública, UFLA, Lavras, MG, Brasil
Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) revisitam um conjunto de artigos científicos e ensaios sobre o tema da corrupção no artigo “Os sentidos da pesquisa sobre corrupção” publicado na RAP – Revista de Administração Pública (v. 52, n. 4). Nele, Marani e colaboradores (2018) fazem um balanço da pesquisa científica sobre o tema no Brasil e no mundo, identificando as principais direções em que ela acontece, suas características e a relação específica que ela estabelece, no caso brasileiro, com o campo de Administração Pública.
O trabalho aposta na combinação entre a revisão de escopo de literatura proposta por Rumrill, Fitzgerald e Merchant (2010) e a revisão integrativa estudada por Botelho, Cunha e Macedo (2011) como forma de mapear, organizar e dar sentido aos artigos encontrados durante o processo de pesquisa – processo este conduzido pelos autores em bases de periódicos como ScienceDirect, SciELO e Spell.
Além disso, os pesquisadores recorrem à análise qualitativa para agrupar o material coletado em seis eixos temáticos de pesquisa: a) o de estudos introdutórios sobre corrupção; b) o de textos conceituais e fenomenológicos; c) os paradigmáticos; d) os que se ocupam da percepção, causas e efeitos da corrupção; e) os que pensam o tema do controle da corrupção; e, por fim, f) o de textos que examinam o tratamento oferecido pela mídia.
Os autores dedicam ainda sua atenção ao exame da pesquisa sobre corrupção no caso brasileiro e de sua interface com a Administração Pública. Dessa análise ressai a conclusão de que embora exista uma atividade de pesquisa no Brasil que leve em consideração o tema da corrupção, ela é ainda incipiente, conforme observado em estudo de Sacramento e Pinho (2009), e constituída basicamente de ensaios e livros publicados por pesquisadores ligados a Centros de Pesquisa e constituída preponderantemente a partir de um referencial teórico estrangeiro.
O artigo surge no contexto de crescimento do interesse pelos estudos sobre corrupção, identificado e analisado pelos autores no próprio texto. Além disso, ele possui a virtude de apresentar aos pesquisadores do campo de públicas um conjunto de desafios e oportunidades para o estabelecimento de uma agenda de pesquisa na área.
O trabalho foi iniciado no ano de 2015 e concluído no primeiro semestre de 2017. Uma versão inicial do texto foi apresentada pelos autores durante o XL Encontro Nacional da ANPAD, ocorrido em 2016, na Costa do Sauípe, Bahia, Brasil.
Referências
BOTELHO, L. L. R., CUNHA, C. C. A. and MACEDO, M. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011. ISSN: 1980-5756 [viewed 31 August 2018]. DOI: 10.21171/ges.v5i11.1220. Available from:
https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1220
RUMRILL, P. D., FITZGERALD, S. M. and MERCHANT, W. R. Using scoping literature reviews as a means of understanding and interpreting existing literature. Work, v. 35, n. 3, p. 399-404, 2010. ISSN: 1051-9815 [viewed 31 August 2018]. DOI: 10.3233/WOR-2010-0998. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20364059
SACRAMENTO, A. R. S. and PINHO, J. A. G. A produção acadêmica brasileira sobre corrupção em administração pública. In: ENANPAD, 33., 2009, São Paulo. Anais… São Paulo: Anpad, 2009. p. 1-16.
Para ler o artigo, acesse
MARANI, S. C. Z., BRITO, M. J., SOUZA, G. C. and BRITO, V. G. P. Os sentidos da pesquisa sobre corrupção. Rev. Adm. Pública [online]. 2018, vol.52, n.4, pp.712-730. ISSN 0034-7612. [viewed 14 November 2018]. DOI: 10.1590/0034-7612175197. Available from: http://ref.scielo.org/c8m2n8
Link externo
Revista de Administração Pública – RAP: www.scielo.br/rap
Como citar este post [ISO 690/2010]:
ZÁKHIA, S. Como organizar e dar sentido a produção científica sobre corrupção? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed 18 November 2018]. Available from: http://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/11/14/como-organizar-e-dar-sentido-a-producao-cientifica-sobre-corrupcao/
Fonte: SciELO, em 14.11.2018.