Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO - A petroquímica Braskem tem até 16 de maio para entregar documentos ao órgão regulador do mercado norte-americano (SEC) e não ser alvo de processo de deslistagem de suas ações da bolsa de Nova York (Nyse), afirmou o vice-presidente financeiro da companhia nesta quinta-feira.
A Braskem tinha até a sexta-feira para entregar à SEC o chamado formulário 20-F de 2017, um relatório com informações detalhadas e que deve ser enviado anualmente por todas as empresas com papéis negociados em bolsas de valores dos EUA. Mas na semana passada a empresa conseguiu novo adiamento para a entrega dos documentos.
Segundo o vice-presidente financeiro da Braskem, Pedro Van Langend de Freitas, a demora na entrega do 20-F decorre de análises "complexas" sobre a efetividade de medidas de controles internos da companhia sob as regras norte-americanas. "As análises mostraram algumas fragilidades em alguns processos de 2016 e isso se mostrou mais complexo", disse o executivo durante teleconferência com jornalistas.
"Mas (o atraso) não tem nenhuma relação com os números da Braskem. Os números de agora são os resultados da companhia. Não temos nenhuma indicação de que sejam diferentes. A questão é mais de controles e processos internos", afirmou o executivo.
De acordo com ele, se a Braskem não conseguir entregar o 20-F até 16 de maio, os ADRs da companhia vão ser alvo de processo de deslistagem da Nyse, mas seguirão sendo negociados em mercado de balcão. Os papéis voltarão a ser listados em mercado de bolsa "alguns dias" depois que a empresa entregar os documentos, acrescentou.
A Braskem divulgou na noite da véspera prejuízo de 179 milhões de reais no quarto trimestre, afetada por queda de produção de suas unidades no México e nos Estados Unidos, enquanto o desempenho no ano foi afetado por fatores que incluíram seca na Europa, apagão no Nordeste e greve dos caminhoneiros.
As ações da empresa, no entanto, exibiam alta de cerca de 1,6 por cento às 13h25, em meio à proposta da empresa de distribuir 100 por cento do lucro líquido do ano passado na forma de dividendos, num total de 2,67 bilhões de reais.
O presidente-executivo da Braskem, Fernando Musa, afirmou que espera para 2019 um resultado semelhante ao obtido pela companhia em 2018, apesar de um cenário de "compressão de spreads de petroquímicos ocorrendo praticamente ao redor do mundo". Ele se referiu à diferença entre o custo de matérias-primas, como nafta e gás, e o preço cobrado pelos produtos finais, como plásticos.
"Muitos projetos (novas capacidade produtivas) entraram em operação em 2018 ou estão entrando em operação em 2019, além disso, temos a desaceleração da economia chinesa", disse Musa. Porém, diferente de ciclos anteriores, a compressão dos spreads será menos profunda para a Braskem neste ano diante das perspectivas de crescimento da economia no Brasil e expansão na demanda por polipropileno nos Estados Unidos, "onde temos a melhor situação de margem", disse Musa.
Sobre as negociações envolvendo a fusão da Braskem com a LyondellBasell, Musa afirmou apenas que o processo de análise dos números da companhia pelo grupo europeu já foi concluído e que cabe agora a "Odebrecht e Lyondell decidirem como prosseguir". A Braskem é controlada pela Odebrecht, que possui 50,1 por cento do capital votante.
Fonte: Reuters, em 14.03.2019.