Por Eduardo Masulo (*)
São Paulo e Rio de Janeiro, estados com as maiores economias do País e que também lideram as estatísticas da criminalidade. São roubos de cargas e carros, desvios de armas, assaltos a bancos ou joalherias e homicídios com números similares a de países em guerra, entre outros crimes que assombram a sociedade, além de trazerem um custo oculto nas relações de consumos.
Segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), no ano de 2021, 20 mil carros receberam proteção balística, número 45% superior ao registrado em 2020. Dados como este dão a dimensão da explosão da violência, que por um lado, vem associada a um custo de proteção que não para de crescer e, por outro, há uma grande dificuldade de fiscalizar o controle de armas que circulam no país.
Diante de um desanimador cenário, estão as empresas com desafios cada dia maiores. Operar nesses centros exige uma soma de fatores para garantir a sobrevivência dos negócios. Não bastasse toda a violência por problemas internos, a economia mundial foi brutalmente afetada pela Covid-19 e quando começava a dar sinais de recuperação, eis que se inicia a guerra entre a Rússia e Ucrânia com impacto direto nos preços do petróleo e alimentos.
Na soma de todos esses eventos, o Brasil registrou a alta do desemprego, da fome e do número de pessoas em insegurança alimentar grave, que superou 15 milhões de brasileiros, e tudo isso agrava ainda mais a violência. Diante desse cenário, as empresas segregam os atendimentos e isolam os territórios que sofrem influência do crime organizado.
Porém, o melhor caminho é buscar inteligência nas soluções de segurança. É possível obter bons resultados com o uso das tecnologias e dos processos desenhados para criar maneiras assertivas de lidar com o problema.
Por isso, o compliance não deve ser visto como um muro que “engessa” as soluções e para que haja evolução, a adesão da alta gestão é fundamental. Alinhar as expectativas e ter transparência nas relações facilitarão o atingimento dos objetivos.
Não vale “vender sonhos”, assim como é importante as empresas entenderem que soluções têm um preço. É muito comum no mundo empresarial que as licitações sejam abertas em cumprimento às regras de compliance, mas com a decisão final baseada somente nas menores cifras, desconsiderando, sob as algemas do orçamento, a qualidade do produto ou o aporte técnico do serviço. Avaliar qual a necessidade, mas lembrar que a relação custo-benefício deve ser considerada, também traz benefícios e não somente custos.
(*) Eduardo Masulo é consultor sênior na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.
Fonte: IMAGE, em 02.09.2022