Para que possam conquistar cada vez mais qualidade, gerar novos negócios e oferecer diferencial a seus clientes, em todo o mundo a contratação de terceiros tem crescido. Seguindo essa tendência, ganha importância a gestão de riscos na terceirização.
Pesquisa global da Deloitte confirma que a dependência de terceiros continua a crescer, com 53% dos entrevistados confirmando essa situação. No entanto, 70% deles acreditam que as incertezas empresariais e macroeconômicas aumentaram os riscos relacionados ao gerenciamento de terceiros. Portanto, surge a necessidade de maior atenção.
MAIOR CONHECIMENTO E GESTÃO CENTRALIZADA
Jimmy Wu, sócio de Risk and Financial Advisory Ásia da Deloitte, explica que, para cada localidade, as necessidades e os riscos podem ser diferentes e que esses aspectos devem ser respeitados na contratação de terceiros. “É preciso conhecimento e habilidade para conhecer e considerar essas diferenças no ambiente de negócios”, alerta.
O executivo explica ainda que o ecossistema de negócios vem mudando em todo o mundo. “Atualmente, há atividades críticas no interior das organizações e as empresas estão muito mais expostas ao risco, o que cria a necessidade de uma gestão centralizada e eficiente. Da mesma forma, existe uma gama de novas tecnologias, que devem ser utilizadas de acordo com a necessidade de cada área, com uma gestão de riscos adequada.”
Camila Araújo, sócia de Risk Advisory no Brasil, aborda a realidade do País, na gestão de riscos de terceiros: “Antes, cada área da empresa contratava seu terceiro e controlava o andamento do trabalho. Com o crescimento de demanda e, principalmente, em função das recentes exigências regulatórias trazidas pela Lei Anticorrupção, este controle passou a ser mais centralizado”.
Dan Kinsella, sócio de Risk and Financial Advisory América do Norte da Deloitte, complementa: “Sem uma gestão eficiente e centralizada, é possível que um fornecedor seja contatado por diferentes áreas de uma mesma empresa, ao mesmo tempo”. O executivo destaca ainda que as questões regulatórias são sempre uma preocupação. “Tudo depende do grau de maturidade da organização e do que ela pretende realizar. Precisa conhecer seu negócio e os riscos aos quais está sujeita na sua relação com terceiros.”
DESAFIOS NA GESTÃO DE RISCO DE TERCEIROS
Camila Araújo avalia que as empresas brasileiras têm muito a avançar no gerenciamento de risco de terceiros e alerta para a necessidade de as companhias considerarem não apenas o processo de controle na contratação de terceiros (que, hoje, segundo ela, ainda é feito superficialmente), mas também desenvolver práticas e controles que monitorem e assegurem a continuidade do trabalho e que protejam, principalmente, a reputação da empresa. “No Brasil, a gestão de risco de terceiros ainda está muito presa à questão ética, em função das exigências da lei, o que nos possibilita melhorar em diferentes aspectos. No exterior, as empresas veem a contratação de terceiros como geração de valor e qualidade. Elas procuram investir na busca dos melhores parceiros”, pondera.
OPORTUNIDADE DE NOVOS NEGÓCIOS
Dan Kinsella destaca a gestão de riscos de terceiros como propulsora para a geração de novos negócios. “O crescimento da terceirização, em termos globais, faz com que ganhe cada vez mais importância. A terceirização cresce nos mais variados setores, com o objetivo de agregar valor e oferecer diferencial às empresas.”
Jimmy Wu concorda e complementa: “Empresas estão enxergando, na gestão de riscos de terceiros, oportunidade de potencializar seus negócios. É importante conhecer bem os riscos da companhia, para buscar novos caminhos”.
Na opinião dos executivos, em termos globais, estima-se que o cenário evolua bastante dentro de, em média, cinco anos. “No Brasil pode até demorar um pouco mais, mas o importante é que estamos no caminho certo e só devemos avançar”, reforça Camila Araújo.
ÁREAS-CHAVE DA GESTÃO DE RISCOS DE TERCEIROS
A pesquisa global sobre gerenciamento de riscos de terceiros da Deloitte revela que as organizações estão adotando uma visão mais estratégica dos fatores de risco, para criar valor e identificar novas oportunidades.
Apesar dessa conscientização e de algumas melhorias associadas à governança de terceiros e ao gerenciamento de riscos, a pesquisa aponta seis áreas-chave que merecem maior atenção da maioria das organizações:
Risco inerente e maturidade
A autoavaliação organizacional quanto à maturidade do gerenciamento de risco de terceiros continua a melhorar a um ritmo mais lento, apesar de um aumento aparente nos riscos inerentes à dependência de terceiros.
Business case e investimento
O gerenciamento de risco de terceiros está cada vez mais focado em explorar o lado positivo do risco e demonstrar benefícios tangíveis.
Controle centralizado
As organizações estão centralizando sua gestão de risco de terceiros. Centros de Excelência (COEs) e Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) representam o modelo operacional mais utilizado, juntamente com um foco maior em modelos de utilidade do mercado.
Plataformas tecnológicas
Seguindo a tendência da centralização, também as decisões de tecnologia voltadas à gestão de risco de terceiros estão sendo observadas de forma mais centralizada, buscando soluções e plataformas que atendam às necessidades da área, e da empresa, de forma mais eficiente e assertiva.
Risco do subcontratante
As empresas precisam desenvolver processos que possibilitem visibilidade adequada e monitoramento de subcontratados contratados por terceiros. Dan Kinsella comenta: “Uma relação com terceiro pode gerar um quarto ou até mesmo um quinto contratado. Como observar essa relação? Como controlar essas subcontratações? Como controlar esses contratos?”. Pela pesquisa, 57% declaram não ter preparo para controlar isso. Apenas 2% dos respondentes declararam ter controle efetivo de seus subcontratados.
Imperativos organizacionais e responsabilidade
Torna-se cada vez mais necessário o envolvimento e a maior responsabilidade dos altos executivos da empresa no gerenciamento de riscos de terceiros. Desafios sobre coordenação interna, talento e processos representam áreas de maior preocupação (organizacional) na gestão de riscos de terceiros.
Para leitura da íntegra da pesquisa, acesse aqui.
Fonte: O Estado de S. Paulo, em 11.12.2018.